quarta-feira, janeiro 13, 2010

2010 é ano de eleição e da consolidação democrática brasileira


O papo é que as perspectivas para este ano promete muita mobilização popular, porque além das eleições, temos Copa do Mundo. E finalmente, desta vez, o futebol não será usado como ferramenta de ação política como a muito praticada na época da ditadura dos governos militares, onde a Seleção Brasileira exercia o papel de amenizar e apaziguar os ânimos da população, como colírio para os olhos inchados pelas muitas lágrimas derramadas ou como ópio para confundir a cabeça dolorida e abrandar a intenção das almas revolucionárias e subversivas daqueles que reivindicavam mudança no sistema de gestão público.

Temos eleições para a presidência da república, senado, governo regional e câmaras legislativas federais e estaduais (onde espero, sinceramente, uma renovação significativa neste âmbito político). Coincidência ou não, a relação desse casamento das eleições com a Copa do Mundo trouxe benefícios para a política brasileira que deixou de usar o futebol como massa de manobra. Um fato sazonal que faz bem a democracia brasileira.

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Se analisarmos o comparativo documentado nos livros de história do Brasil, veremos que há 84 anos o país não registra um período de entrega de faixas sucessórias entre três presidentes eleitos democraticamente pelo povo, isto é, desde 1926, um fato como esse não é consumado, e isso, é um sinal de extremo avanço no exercício da democracia de nossa política. Portanto trata-se de um momento único na narrativa dos fatos desse País.

Da última vez em que isso ocorreu, foi na gestão de 1919, quando Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa passou a faixa presidencial para Artur da Silva Bernardes, eleito em 1922, que por sua vez, repassou a faixa para Washington Luís Pereira de Sousa, eleito em 1926. Depois dessa fase, nunca mais o Brasil registrou um período sucessivo de três presidentes eleitos pelo povo, pois, Washington Luiz foi deposto e Getúlio Dorneles Vargas assumiu com a Revolução de 30, e mais tarde deposto, em 1945.

Depois veio Eurico Gaspar Dutra que assumiu a presidência da república eleito pelo povo, mas não recebeu a faixa de ninguém. Ao final do mandato, repassou para Getúlio Vargas, que novamente assumiu o governo, mas o mesmo se matou. Então houve outra sucessão de vários presidentes. Juscelino Kubitschek de Oliveira, eleito democraticamente, que passou a faixa para Jânio da Silva Quadros, que renunciou. Jango (João Belchior Marques Goulart) assumiu, mas foi deposto. Os militares tomaram o poder e colocaram o Brasil em um longo e sangrento regime de autoritarismo.

Na redemocratização, veio o José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (mais conhecido como José Sarney), que não foi eleito pelo povo e que passou a faixa para Fernando Affonso Collor de Mello, eleito pelo povo, mas que sofreu impeachement. Itamar Augusto Cautiero Franco, que não foi eleito, assumiu e entregou a faixa para Fernando Henrique Cardoso (ou FHC), eleito democraticamente e que passou para Luiz Inácio Lula da Silva, também eleito pelo povo. Neste ano, Lula passará a faixa presidencial para o próximo ou para a próxima presidente da república num processo que demonstra a consolidação democrática nesse país que não registra um fato como esse desde o final da década de 20.

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Em suma; É um assunto que passa despercebido por uma enorme parcela da população brasileira que não faz idéia sobre a importância de um registro histórico como esse. Durante muito tempo, muitos brasileiros derramaram sangue para que uma consolidação democrática como essa, virasse realidade. Se olharmos para a América Latina, ainda veremos governos autoritários, governos instáveis, tentativas de golpes, continuísmos ora através de esposa, ora através de mandatos indefinidos e um Brasil dando um exemplo de democracia firmada e estabelecida.

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Ah! Ao lado da estabilidade democrática nós temos um longo período, pois, foram oito anos de Fernando Henrique Cardoso e oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva.
publicado no JM News em 08/01/2010 22:42:06

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