terça-feira, fevereiro 23, 2010

Mas se não der notícias de carnaval a imprensa dará o quê?


O papo é que, para que não aja a velha interpretação de que o brasileiro tem memória curta. Vamos voltar à notabilíssima e saudabilíssima questão em que ficamos no aguardo agonizante durante três meses, aproximadamente, para que fosse comprovado o registro do advento de escândalo que vincula a prisão de José Roberto Arruda (então governador licenciado do Distrito Federal e que durante todo esse período teimou, importunou e insistiu no exercício de seu mandato e que agora está sem partido), por suspeita de corrupção (bandalheira) e formação de quadrilha. Além, é claro, de aumentar o tom de suas declarações, e de partir para cima de seus acusadores com o desmando de determinar com que o corpo da polícia militar distrital descesse o sarrafo em seus oponentes e estudantes que protestavam legitimamente dentro do exercício constitucional, legal e democrático.

Uma coisa é fato. Se não houvesse a tentativa de suborno a uma testemunha contrária ao caso Arruda, provavelmente, o mesmo, ainda estaria no exercício de seu mandato com todas as atribuições de manipulação sobre a maioria dos parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a fim de sustar quaisquer que fossem as CPI’s (Comissão Parlamentar de Inquérito), ou qualquer ação, a que lhe fosse atribuída na derrocada de seu mandato. Esse nível de impunidade aos homens públicos brasileiros é tão surpreendente, é tão impressionante, que eles consideram a questão de tolerância desses crimes, como um fato inerente ao exercício da política e de seus mandatos.

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Em suma; Nem todas as evidências, nem mesmo as imagens com os áudios dos fragrantes comprometedores, foram capazes de desenrolar o caso da Caixa de Pandora, a ponto de oferecer clareza absoluta diante da inconveniência dos atuais procedimentos viciados aplicados no exercício judicial ou de um inquérito parlamentar sobre as instâncias fraudulentas de governo. Mas essa regra histórica, agora abre precedente e contribui para que instituições como a Procuradoria Geral da República; o Supremo Tribunal Federal, a Advocacia-Geral da União ou a Corregedoria de sei lá a quantas, chamem para si a responsabilidade, a fim de aplicar o rigor que a lei democrática estabelece, nos casos que implica a corrupção governamental mais que explícita.

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Ah! Durante todo esse tempo (três meses) essas instituições federais ficaram na moita, esperando que alguém chamasse para si, essa responsabilidade (a de prender amigos e correligionários), enquanto todos assistiam esses nossos funcionários públicos enfiando pacotes de dinheiro ilícito na cueca, na meia e na bolsa. Além é claro, de abusar dos artifícios logísticos para distribuir a verba entre os seus; ao bando; à turma; ou à quadrilha. Como queiram.
publicado no JM News em 18/02/2010 20:06:59

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Animação adicional no Carnaval


O papo é que, em meio a um período sucessivo de dramáticos problemas por causa de intempéries que acarretaram chuvas, desabamentos, soterramentos e enchentes em várias cidades do país, os brasileiros têm hoje uma comemoração pelo feito que pode nos dar uma animação extra (e com orgulho) neste início de carnaval, pois, tem-se em conta de que está em cana (ilustrativamente por de trás das grades), pela primeira vez na história da república brasileira um governante preso por corrupção em pleno exercício de mandato.

Passaram-se três meses após a eclosão das denúncias escandalosas que envolveram o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (agora sem partido) e sua trupe, e isso é muito significativo em um país onde se costuma passar décadas sem que alguma punição aconteça a um corrupto de primeiro escalão. Durante séculos (sim, durante séculos) a justiça brasileira, talvez pela inércia ou pela prescrição, se acomodou a ponto de um entendimento de cumplicidade com esse tipo de gente, enquanto nós, cidadãos comuns, trabalhamos, suamos a camisa e ralamos feito louco para pagar impostos para que esse tipo de escória embolse esse dinheiro, e como se ainda não bastasse, na maior cara de pau e petulância, agradecem em forma de oração pela propina recebida, como se o propósito fosse purificar o dinheiro sujo.

Agora é hora, dos corruptos de plantão, principalmente aqueles do primeiro escalão, colocar as barbas de molho, porque até então, eles não tinham a menor cerimônia em afrontar a moral pública. Quantos processos de injúria, calúnia e difamação esses sem-vergonhas já moveram em suas vidas para tentar intimidar e coagir quem por sua vez os denunciavam. O próprio Arruda, no alto de sua prepotência após o flagrante não demonstrou o menor receio, o menor arrependimento, o menor pudor, o menor acanhamento. Pelo contrário, agiu com um tom de voz elevado e com o olhar fixo de quem encara o seu detrator como se fosse a parte grácil, frouxa e medíocre do processo. E ainda por cima, soltou a cavalaria institucional e mobilizou comparsas e capangas para subornar testemunhas a fim de atrapalhar o andamento processual.

Bendita e abençoada seja a tecnologia atual, que por meio de caneta, celular, relógio, óculos e outros meios, permitem registrar imagens e documentos que comprovam as referidas a ações, como essa, que foi demonstrada e repercutida internacionalmente deixando bem claro a prova cabal e inconteste da transgressão cometida. Algo comparado a uma marca de batom na cueca. Se fosse na China, certamente seria condenado a morte por fuzilamento e o projétil ficaria por conta da família.

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Mas em suma; Nem tudo é um mar de maravilhas e o outro detalhe importante no referido caso a que se diz respeito, é o julgamento do habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o atual advogado de Arruda, o Dr. Nélio Machado (que também já defendeu o banqueiro Daniel Dantas, numa circunstância bem próxima, e que já logrou êxito), tem tarimba e já entrou com um pedido de liminar a ser avaliado pelo ministro Marco Aurélio Mello (o mesmo que negou um habeas corpus a uma ladra da cidade de 7 Lagoas em Minas Gerais pelo furto de uma caixa de chicletes e que foi condenada a dois anos de prisão em 2007). Resta agora aguardar o discernimento e o veredicto do ministro (ainda bem que esse caso não caiu na mão do ministro Gilmar Mendes, que no caso do Daniel Dantas, agiu através de atos urgentes, urgentíssimos e indignados, liberando o banqueiro por duas vezes, além de colocar em cheque a atuação do juiz que decretou a prisão do mesmo). Enfim, resta-nos aguardar a decisão a ser apreciada em recurso no STJ enquanto Arruda permanece preso em uma sala especial da Polícia Federal, sem grades e muito provavelmente com todos os seus celulares, com seu laptop com conexão Wi-Fi (wireless fidelity) e com todos os seus assessores entrando e saindo. O resumo da ópera se deve a uma prisão que não costuma ser concedida a pessoas que comentem furtos pequenos ou atos irrelevantes.

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Ah! José Roberto Arruda (agora sem partido) foi condenado por doze votos a dois, sendo eles os favoráveis, o ministro Ari Pargendler e o ministro Nilson Naves, que no seu entendimento deveria haver um pedido formal por parte da Assembléia Legislativa do Distrito Federal (aquela onde só se encontra amigos). A solicitação da prisão foi do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel.

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Correção:O pedido de habeas corpus foi negado nesta sexta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, a PF resolveu providenciar uma cama para o governador passar o carnaval.
publicado no JMNews em 12/02/2010 19:51:03

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Plataforma de esquerda (tsk) para ampliar o papel do Estado


O papo é que, o documento do PT (Partido dos Trabalhadores) que compõe as diretrizes para o próximo governo, coloca a pré-candidata à presidência da república, Dilma Rousseff (caso a mesma venha a lograr algum êxito), um pouco mais à esquerda ideológica que a linha governamental de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo declaração em que o próprio presidente do partido, Ricardo Berzoini, deu a um periódico de grande circulação nacional, na forma de reiterar essa posição pragmática.

A nova proposta do "Projeto Nacional de Desenvolvimento", a ser apresentado pelo partido no 4º Congresso Nacional, agendado para acontecer entre 18 a 20 de fevereiro, em Brasília, prega, ou melhor, prevê um governo que exercite uma grande “transformação”, com maior presença do Estado na economia, com fortalecimento das empresas estatais e das políticas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para o setor de produção.

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(Ou eu estou muito mal informado, ou a esquerda mudou de posição, ou a minha formação é arcaica e antiquada, mas segundo me consta, a esquerda tinha uma vocação voltada mais para atitudes sociais, etc e tal...)

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Pois bem, quando se pensa em um programa voltado mais à esquerda que qualquer outro governante brasileiro já o tenha feito, logo, o que vem à cabeça é uma revolução social com maior planejamento e investimento direcionado a educação, a saúde, a programas que atendam as prioridades diretas e essenciais das necessidades básicas de uma população mais carente. E o que se vê nos noticiários é uma população atingida por alagamentos, por deslizamentos, soterramentos, pela dengue, pela meningite (devido a omissões, como no caso do governo da Bahia), pelo aumento nos índices de criminalidade das grandes cidades, pela falta de medicamentos nas unidades públicas de saúde, pelas crianças abandonadas nas ruas por falta de vagas em escolas públicas, pelo analfabetismo funcional devido a péssima qualidade de um ensino público, pela pirataria que sustenta o trabalho informal, pela falta de habitação e saneamento público que faz com que os esgotos a céu aberto recebam o nosso recado em forma de dejetos a cada dia, para que o futuro exercício da humanidade se vire com novas tecnologias de purificação da água, para que assim, seja transformada em potável.

Chamar uma maior presença do Estado no fortalecimento das estatais e com maior presença no mercado financeiro é apenas uma repetição de um modelo preservado por Lula nestes oito anos e que foi ampliado de um outro modelo aplicado por FHC, que também exerceu uma gestão de oito anos, onde tudo não passa de um jogo de frente na economia que é um pouco distante do social.

A aclamada Dilma Rousseff, terá um programa de governo de esquerda para fortalecer o jogo das estatais e da presença do Estado, porque é ali que se fazem as alianças políticas. A proposta do governo de esquerda é reforçar o interesse no mercado financeiro, porque ali estão os grandes grupos que sempre dominaram este país, como as grandes empreiteiras e as grandes corporações. O programa de governo de esquerda prega o estabelecimento das estatais para que possam lucrar mais e poderem dividir o bolo entre si mesmo e para os seus.

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Em suma; Não haverá uma revolução no perfil da sociedade brasileira em mais oito anos de mandato. A revolução para a dignidade da população de um país, está muito longe da promessa de governo que prega uma esquerda ideológica como essa que está mais próxima de um caixa financeiro de uma instituição bancária, ou da idéia do antigo ministro da economia, que atuou nos velhos tempos do militarismo, Delfin Neto, em que dizia: “É preciso crescer o bolo para que depois ele possa ser dividido”. Pois bem, esse bolo da história brasileira está crescendo de fato, mas ainda falta escola de qualidade, falta moradia de qualidade, falta saúde de qualidade e falta serviço público de qualidade.

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Ah! Ainda é muita ilusão para pouca realidade. E diante do quadro de postulados a gestão administrativa para esse país, apenas nos resta aguardar o andamento desse continuísmo. Esse programa será igual para todos, seja no governo Dilma, seja no governo Serra, seja no governo Ciro, seja no governo do Macaco Tião, Sargento Taínha ou da Lula Lelé.
publicabo no JM News em 10/02/2010 09:53:24

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Declaração categórica


O papo é que, Ciro Gomes, do PSB (Partido Socialista Brasileiro - ex-governador, ex-deputado e ex-ministro), não quer abrir mão da candidatura presidencial (apesar dos apelos do honorável presidente Luiz Inácio Lula da Silva), mas na atual circunstância e no contexto que envolve a política brasileira (que pouca diferença faz), colocar o José Serra, a Dilma Rousseff, o Ciro Gomes, um abacate, um tomate, um repolho, o macaco Tião ou vários abacaxis juntos na disputa pelo Palácio do Planalto. É no fundo, estimular a continuidade do mesmo sistema, do mesmo aparato e do mesmo aparelho que representa e defende o jogo de interesses dessa classe, pois, na essência, tudo não passa de um continuísmo que prevalece a mesma manutenção política de estado.

No fundo, no fundo. O atual sistema político brasileiro, não passa de uma mesmice. Os atuais representantes do povo (é claro que existem exceções) acabam quase que todos classificados como farinha do mesmo saco. Há muito tempo que esse quadro político não se renova, quando em casos, se transfere por heranças, como um aprimoramento do contexto regional, que que ora vez, adquiri algum âmbito nacional.

A diferença na economia é um estudo relacionado, e nós, brasileiros, carregamos o barco (seja na seca, ou seja, na enchente) nas mesmas circunstâncias. Tudo não passou de um continuísmo programático. Sem ideologia, sem partido, mas com a convicção natural do desenvolvimento intelectual do povo brasileiro, que aos poucos está quase que aprendendo a votar e escolher os seus governantes.

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O Ciro Gomes não vai abrir mão de sua candidatura. E o seu trabalho está direcionado em colocar o dedo na ferida moral que o governo do PT (Partido dos Trabalhadores) carrega pela cumplicidade de manter uma aliança governamental com o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro, também conhecido como partidão de todos os governos devido as várias alianças firmadas, nas mais variadas espécies ideológicas de administrações públicas e com um contexto relacionado no trabalho de um grande grupo de pessoas que defendem os interesses patrimoniais, como herança do colonialismo português – é claro que há as suas exceções de praxe), que segundo ele, classifica a união como uma moral frouxa e roçada de escândalos.

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Em suma; Ciro Gomes pode sim ser um fator importante na disputa presidencial devido ao fato de um possível segundo turno (caso meramente coincidente que pode ser exemplificado aqui no Paraná, como nas relações de apoio do Requião, que em uma eleição era PT e amigo pessoal de Lula e agora namora com o PSDB de Serra). E como a proposta de Ciro está vinculada a um conceito moral, ele deveria recomeçar com um ato reparador (o que seria muito bom para todos nós que necessitamos de credibilidade por parte desses políticos), como no caso, de abrir uma CPI para mandar logo o seu irmão indenizar o governo do estado do Ceará pela grana que gastou para viajar de jatinho com a mulher e a sogra à custa do contribuinte. Há suspeitas de que essa grana ainda não foi ressarcida aos cofres do estado. Então qual é a alternativa em que ele faria para peitar esse partido no campo moral?

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Ah! A presença de Ciro Gomes na disputa, segundo as pesquisas, aumenta a distância entre Dilma e Serra. O que a princípio, é favoravel ao Serra, e é por isso que o presidente Lula insiste em que Ciro dispute as eleições para o governo de São Paulo, mas por outro lado, pode levar a eleição presidencial a um segundo turno, o que não deixa de ser uma vantagem para Dilma.
publicado no JM News em 04/02/2010 12:33:07