quarta-feira, agosto 12, 2009

E inicia a operação de salvamento



Abre as cortinas do Senado. O cenário está montado e os atores se posicionam para interpretar o arquivamento sumário dos pedidos de afastamento do então presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), como garante o regimento interno. Fica fácil prever o arquivamento das representações contra Sarney, afinal, qual o conceito utilizado para nomear um presidente para assumir um Conselho de Ética? Um correligionário político partidário, suplente do suplente, sem voto popular algum e com a incumbência de analisar as 11 denúncias de irregularidade que acometem um companheiro de partido, mais que isso, um ex-presidente da república, coroné do Maranhão, mas eleito senador pelo Amapá (que me perdoe os amapaenses) pela legenda do PMDB de todos os governos.

Os sinais são tão evidentes. A manutenção de um peemedebista à frente do senado garante uma aliança nacional entre PT-PMDB para a sucessão do Palácio do Planalto em 2010, e mesmo que a oposição antecipe a intenção inútil de apresentar um recurso ao plenário do Conselho de Ética para que o arquivamento seja revisto, o suplente do suplente, representante do PMDB fluminense, eleito sem voto popular e incumbido de presidir o Conselho de Ética, já declarou não temer uma repercussão negativa de um eventual arquivamento das denúncias perante a opinião pública. “Já está tudo decidido, está apenas em segredo”, declarou o segundo suplente, Paulo Duque (PMDB-RJ).

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Um processo por quebra de decoro parlamentar coloca um mandato em risco, e diante do acirramento das acusações contra Sarney, os peemedebistas mudaram a estratégia e emplacaram Paulo Duque (PMDB-RJ) para a presidência do Conselho de Ética, um nome considerado irrestritamente fiel e cuidadosamente arquitetado pela bancada do PMDB juntamente com o dedinho de Renan Calheiros (AL), que tomou a frente dos acertos - eles fazem isso na nossa cara e de forma legal. Nesse caso, Sarney ficará automaticamente afastado da presidência da Casa, até a conclusão de uma eventual votação do processo em plenário, e que já sabemos qual será o veredicto, pois, o Conselho de Ética (que de Ética não tem coisa alguma e o que se está fazendo ali é política) pratica um discurso moralista que serve apenas para um dos lados, portanto, todos os caminhos levam para a reconstrução da imagem Sarney, embora todas as representações contra ele sejam de caráter extremamente delicado.

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