sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Animação adicional no Carnaval


O papo é que, em meio a um período sucessivo de dramáticos problemas por causa de intempéries que acarretaram chuvas, desabamentos, soterramentos e enchentes em várias cidades do país, os brasileiros têm hoje uma comemoração pelo feito que pode nos dar uma animação extra (e com orgulho) neste início de carnaval, pois, tem-se em conta de que está em cana (ilustrativamente por de trás das grades), pela primeira vez na história da república brasileira um governante preso por corrupção em pleno exercício de mandato.

Passaram-se três meses após a eclosão das denúncias escandalosas que envolveram o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (agora sem partido) e sua trupe, e isso é muito significativo em um país onde se costuma passar décadas sem que alguma punição aconteça a um corrupto de primeiro escalão. Durante séculos (sim, durante séculos) a justiça brasileira, talvez pela inércia ou pela prescrição, se acomodou a ponto de um entendimento de cumplicidade com esse tipo de gente, enquanto nós, cidadãos comuns, trabalhamos, suamos a camisa e ralamos feito louco para pagar impostos para que esse tipo de escória embolse esse dinheiro, e como se ainda não bastasse, na maior cara de pau e petulância, agradecem em forma de oração pela propina recebida, como se o propósito fosse purificar o dinheiro sujo.

Agora é hora, dos corruptos de plantão, principalmente aqueles do primeiro escalão, colocar as barbas de molho, porque até então, eles não tinham a menor cerimônia em afrontar a moral pública. Quantos processos de injúria, calúnia e difamação esses sem-vergonhas já moveram em suas vidas para tentar intimidar e coagir quem por sua vez os denunciavam. O próprio Arruda, no alto de sua prepotência após o flagrante não demonstrou o menor receio, o menor arrependimento, o menor pudor, o menor acanhamento. Pelo contrário, agiu com um tom de voz elevado e com o olhar fixo de quem encara o seu detrator como se fosse a parte grácil, frouxa e medíocre do processo. E ainda por cima, soltou a cavalaria institucional e mobilizou comparsas e capangas para subornar testemunhas a fim de atrapalhar o andamento processual.

Bendita e abençoada seja a tecnologia atual, que por meio de caneta, celular, relógio, óculos e outros meios, permitem registrar imagens e documentos que comprovam as referidas a ações, como essa, que foi demonstrada e repercutida internacionalmente deixando bem claro a prova cabal e inconteste da transgressão cometida. Algo comparado a uma marca de batom na cueca. Se fosse na China, certamente seria condenado a morte por fuzilamento e o projétil ficaria por conta da família.

=== === ===

Mas em suma; Nem tudo é um mar de maravilhas e o outro detalhe importante no referido caso a que se diz respeito, é o julgamento do habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o atual advogado de Arruda, o Dr. Nélio Machado (que também já defendeu o banqueiro Daniel Dantas, numa circunstância bem próxima, e que já logrou êxito), tem tarimba e já entrou com um pedido de liminar a ser avaliado pelo ministro Marco Aurélio Mello (o mesmo que negou um habeas corpus a uma ladra da cidade de 7 Lagoas em Minas Gerais pelo furto de uma caixa de chicletes e que foi condenada a dois anos de prisão em 2007). Resta agora aguardar o discernimento e o veredicto do ministro (ainda bem que esse caso não caiu na mão do ministro Gilmar Mendes, que no caso do Daniel Dantas, agiu através de atos urgentes, urgentíssimos e indignados, liberando o banqueiro por duas vezes, além de colocar em cheque a atuação do juiz que decretou a prisão do mesmo). Enfim, resta-nos aguardar a decisão a ser apreciada em recurso no STJ enquanto Arruda permanece preso em uma sala especial da Polícia Federal, sem grades e muito provavelmente com todos os seus celulares, com seu laptop com conexão Wi-Fi (wireless fidelity) e com todos os seus assessores entrando e saindo. O resumo da ópera se deve a uma prisão que não costuma ser concedida a pessoas que comentem furtos pequenos ou atos irrelevantes.

=== === ===

Ah! José Roberto Arruda (agora sem partido) foi condenado por doze votos a dois, sendo eles os favoráveis, o ministro Ari Pargendler e o ministro Nilson Naves, que no seu entendimento deveria haver um pedido formal por parte da Assembléia Legislativa do Distrito Federal (aquela onde só se encontra amigos). A solicitação da prisão foi do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel.

( ... )

Correção:O pedido de habeas corpus foi negado nesta sexta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, a PF resolveu providenciar uma cama para o governador passar o carnaval.
publicado no JMNews em 12/02/2010 19:51:03

Nenhum comentário: