terça-feira, abril 20, 2010

Desiludidos com o Congresso (éramos seis)


O papo é que a entrevista concedida a um periódico de grande circulação nacional, neste final de semana, pelo deputado federal Ibsen Pinheiro do PMDB-RS (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), classifica bem o estado de espírito que assola a consciência de uma pequena minoria de parlamentares que integram a principal casa de discussão e de debate político, onde constitui e rege o estudo aprofundado mais avançado da ciência governamental que elabora as diretrizes e metas para o desenvolvimento do povo brasileiro.

Na entrevista, o parlamentar declara que um senador e cinco deputados federais não voltarão ao Congresso Nacional, ou melhor, desistirão de concorrer à renovação de seus mandatos porque estão simplesmente desiludidos com a atividade política, entre eles, o próprio Ibsen Pinheiro, pelo fato de que a imagem do político brasileiro, hoje, está desgastada e passa para a população um sinônimo de coisa ruim, de algo difícil de explicar. Outro ponto que chama a atenção é de que Ibsen se recusa a recorrer de meios privados para o financiamento de campanha, como recursos providos pelas empreiteiras.

Outros desistem, por que entendem que é necessário uma reforma urgente na política brasileira, pois a atividade parlamentar fica restrita diante dos atropelos das medidas provisórias que entopem o Congresso. Uma prática que já acontece em muitos mandatos presidenciais. E ainda há aqueles que reconhecem esse desestímulo, esse desinteresse, essa criminalização pela reeleição ao mandato e pela vida parlamentar, devido ao fato de que a população olha para os políticos e veem algo como uma mistura de inutilidade e de péssimo exemplo para as crianças em casa.

Ibsen afirma ainda, de forma categórica, que a metade dos deputados congressistas não irão voltar para o Congresso e a outra metade terá de arrumar advogado para se defender, isto é, a outra metade está sob suspeita, diante das numerosas acusações que tomam formas tão consistentes, embora ainda pouco conclusivas.

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Bem, eu apenas lamento que somente seis parlamentares em um universo de mais de quinhentos e cinquenta chegaram a essa conclusão patente, que é uma coisa tão clara e tão rudimentar na vida pública brasileira. Apenas seis sentiram o que muitos deveriam sentir, que é a vergonha de estar atrelado a um vício incrustado há muito tempo na atividade de muitos políticos brasileiros que se deixam levar por esses financiamentos firmados por debaixo dos panos com grandes grupos especulativos.

A outra objeção sobre esse tema é de que somente agora, após dezesseis anos de Congresso, o ilustre deputado afirma que se recusa a ser financiado por empreiteiras? Será que os financiamentos anteriores foram obtidos através de congregações santificadas de origem religiosa?

Esse quadro e essa imagem associada do parlamentar a corrupção, a bandalheira, ao desgaste, ao descrédito, a desconfiança e a mentira não é decorrente de acontecimentos recentes!

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Em suma; Na verdade o Congresso Nacional tem a imagem que merece e a culpa não é nossa como muitos deputados querem fazer a gente crer. A culpa é dessa legislação viciada, abstrata, absorta e cheia de brechas que corrobora com políticos de ficha suja. E embora a legislação necessite de mudanças urgentes, a culpa deve ser imputada a esse mesmo legislativo que cava essa sepultura moral na qual tem um monte de político enfiado até o pescoço.

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Ah! Não me surpreende que após dezesseis anos consumidos dentro do Congresso Nacional, além dos trinta e três anos de vida pública desde sua estréia na política, Ibsen Pinheiro se dê conta dessa verdade. Não existe absolutamente nada de santificado neste caso. Apenas a lamúria maior de que essa verdade tenha invadido a consciência de apenas seis parlamentares, pois já passa da hora de renovar esse quadro político.


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